25 de mai. de 2010

Publicando demais, Editando de menos

Ai, faz tanto tempo que não passo por aqui que estou com vergonha até! Mas essa vida tem sido tão corrida... E tem tanta coisa online pra alimentar: Twitter, Facebook, E-mails... Sem contar nas atividades online corporativas, né? rs!
Enfim... só para animar um pouquinho o ambiente, o post d hoje é, na verdade, do PublishNews.
Vale a pena lerem:

Mais produção, menos editorial?

Nesta semana, o tema é como produzir tanto, em tão pouco tempo e com resultado perfeito
25/05/2010

Podemos ver pelos relatórios de Produção e Vendas (CBL/SNEL/Fipe), ou mesmo sentir pelo nosso cotidiano, que a produção de novos livros não para de crescer. Esse aumento no número de títulos editados por ano tem alterado muito significativamente o tempo que temos para nos dedicar a cada livro. E isso estremece a clássica visão que o produtor editorial tem de si: a do artesão que almeja produzir o livro perfeito. Com a, cada vez mais próxima, extinção dessa faceta do profissional do livro, o que vem à tona é uma realidade industrial que nos pede mais títulos para sua longuíssima cauda; estes precisam ser produzidos em menos tempo e, ainda assim, isento de erros. Parece impossível – e às vezes acho mesmo que é –, mas parece também um caminho sem volta. (Ou não? Isso é assunto para outra coluna...)
 
As perguntas que surgem quando tento entender “o que havia de errado com o livro perfeito” são grosseiras, mas é um caminho para a resposta: O que houve com o carro perfeito? O que houve com o telefone perfeito? Ou, talvez mais apropriadamente, o que houve com o software perfeito? Se somos todos parte de departamentos de produção industrial, por que não aproximar as experiências para obtermos uma visão mais global de nosso dilema?
 
De fato, muitas outras indústrias passaram por essa transformação em seus departamentos de produção antes de nós, e outras ainda passam; algumas em dimensões muito maiores, como, por exemplo, a de telecomunicações. Mas poucas indústrias esquadrinham tanto sua produção como a área da informática, mais especificamente, a de desenvolvimento de software. Isso é ótimo, pois as empresas desse ramo têm algo que considero um elo profundo com o mercado editorial: o produto deles só existe a partir da requisição de um cliente, da mesma forma que só produzimos o livro a partir do momento em que um autor o escreveu. Nossa liberdade para criar é relativa, depende da aprovação do cliente/autor, assim como nossa “autoria” tem de vir entre aspas (afinal, quando se fala em autoria de um livro a editora não costuma ser citada). Como na produção de desenvolvimento de software, temos que lidar com cronogramas apertados, garantir a qualidade do produto e estar constantemente preparados para as frequentes mudanças no escopo por parte do cliente/autor. E, no final, da mesma forma como eles produzem o software da empresa X, produzimos o livro do autor X.
 
Pensando nisso, convidei para um café da manhã meu amigo Franklin Amorim, da Globo.com, para tentar entender como eles se organizam no dia a dia para entregar projetos sempre complexos em prazos geralmente curtos (e a conversa foi tão boa que vou publicá-la em uma outra coluna, sobre gerenciamento ágil de projetos – mais especificamente, SCRUM). Foi assim que apareceu como fundamental a palavra metodologia.
 
Percebemos pessoas organizadas que dizemos que têm seus próprios “métodos”, sejam estes usados para benefícios pessoais ou profissionais. Mas a metodologia que busco tratar aqui ultrapassa o âmbito individual e atinge departamentos, empresas ou indústrias inteiras. Como pretendo usar esta coluna como “ponto de encontro para debate do trabalho cotidiano em produção editorial de livros”, acredito que seja o momento de pensarmos juntos uma metodologia que nos sirva.
 
Para isso, acredito que precisamos dialogar o tempo todo. Dessa forma, pretendo que todo mês tenhamos uma enquete, cujas respostas serão discutidas no mês seguinte. Para buscar a padronização de nossa linguagem, pensei em estudarmos inicialmente as etapas e o escopo de cada etapa da produção de uma obra inédita, pois percebo que nossas terminologias (com seus significados) variam muito de acordo com a localização geográfica da editora (mas acontecem variações profundas até mesmo entre editoras vizinhas) e, por exemplo, as etapas de preparação de originais, copidesque e revisão podem se confundir.
 
Então, para começarmos, a enquete deste mês é a seguinte: Na editora onde você trabalha, quais etapas existem? Se possível, coloque em ordem cronológica e dê uma pequena definição.
 
Peço que, por favor, enviem suas respostas até 08/06/2010 para o endereço enquete@publishnews.com.br para que possamos continuar esta conversa.