4 de out. de 2012

Aquilo não era amor. Por isso a gente acabou.

Sempre digo que um livro pode transformar a vida de uma pessoa. Não importa o tema ou o nível literário, o que realmente importa é o quanto uma pessoa esta aberta para permitir, ou não, que o livro entre e transforme sua vida. E foi assim que, há alguns meses comprei o livro Por isso a gente acabou, de Daniel Handler, com ilustrações de Maira Kalman, lançado pela Cia. das Letras. 


Quando cheguei em casa, minha irmã e minha mãe apostaram em quantos dias eu devoraria o livro, um romance água com açúcar que é mais fofo que comédia romântica em sessão da tarde. Sabe essa coisa de menina? Então... Para ser sincera, eu mesma achava que este livro não demoraria nem 24 horas na minha mão. Mas quando comecei a ler e, a cada página, comecei a me identificar com Min Green, a protagonista de coração partido, percebi que seria mais difícil do que parecia. 

Decepções amorosas fazem parte da vida: todos vivemos pelo menos uma. Dói, machuca, mas passa. Tudo sempre passa, né? Até no meu caso, um (des)amor eterno, de indas e vindas, chegadas e partidas, que durou eternos cinco anos. Cinco anos de brigas, mágoas, mentiras, traições, ofensas, choros. Cinco anos... dá pra acreditar? Pois é! 

Quando eu já tinha perdido as esperanças, quando pensava que nada mais curaria esse sentimento doentio e viciante, conheci Min Green. Demorei três longos meses para ter coragem de finalizar Por isso a gente acabou. Algo me dizia que esse livro seria definitivo e, assim que ele acabasse, minha fantasia amorosa também chegaria ao fim. Eu estava certa. Meu sexto sentido raramente falha.

Me peguei grifando trechos, destacando coincidências  e vendo que [o cafajeste do] Ed Slaterton tinha muito mais a ver com a minha vida do que eu imaginava. Não só porque era um atleta (desses que não tira o uniforme do time da escola) justamente quando eu (assim como Min) nunca nasci para ser a namorada de arquibancada; mas porque ele insistia em fazer de tudo para parecer o um cara incrível, que também seria a grande decepção da vida de Min. 

Quando estamos apaixonados somos incapazes de enxergar o 'óbvio ululante' (Thanks, Nelson Rodrigues) que todos vêem, incluindo nossos melhores amigos, que tanto nos querem bem e não cansam de nos alertar, embora sejam constantemente ignorados. 

Minha vida amorosa dos últimos anos foi um desencontro tão caótico, que é quase cômico. Mas foi Min que me ajudou a perceber que o que eu realmente precisava era de largar tudo na porta da casa dele: as lembranças físicas e as da memória, mesmo que metaforicamente. Min me ensinou que eu precisava desapegar: just let it go, sabe? Porque eu não posso corrigir os erros do mundo... posso só cuidar do que é meu. E meu ex-não-amor não é meu. E quer saber a verdade? Acho mesmo que nunca foi. 

Foi Min que disse o que eu realmente sentia, mas que nunca tinha entendido antes: eu não quero ser diferente, ou 'das artes'. Não quer ser metida a cult, especial ou qualquer coisa que o valha. Não quero que 'isso' que existia entre nós seja sem explicação, e nem que eu seja 'tão especial' que não tem como definir. 

"Eu não sou diferente, nem um pouco, 
diferente de nadinha nesse mundo."


Ao ler Por isso a gente acabou, percebi - finalmente! - que meu único erro ao longo de todos esses anos foi ter me apaixonado incansavelmente pela mesma mentira de sempre. E que aquelas coisas todas que eram 'nossas e só nossas' simplesmente... não eram, nunca foram! Hoje, percebo que 'Ever thine, ever mine, ever ours' nunca existiu e que eu era apenas uma romântica que tentou, incansavelmente, construir um amor onde, na verdade, só existia o vazio. 



O mais curioso de tudo isso, é que meu maior medo sempre foi ser  indiferente na vida dele. Mas no último encontro casual, desses que a vida nos prega, percebi que, pouco a pouco, minha raiva foi dando lugar ao... nada! E então, aquele que era a razão do meu viver está se tornando  alguém que eu mal reconheço, mas que ao mesmo tempo, não mudou nada. 

Min Green, muito obrigada! Graças a essa história de amor adolescente você me ensinou a 'sorrir com o fígado'. Mas, acima de tudo, completo 27 anos hoje e finalmente consigo entender e sentir que aquilo não era amor. 

E foi por isso que a gente acabou. 




8 comentários :

  1. ARRASOU, mulher!!! Orgulho de você!!!

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    1. eh... vivendo e, finalmente, aprendendo, ne? amiga! Obrigada por tudo! Sempre!!!!

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  2. Muito bom, Talita...
    Bjs
    Ed

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  3. Olá, você poderia me explicar o que foi aquela ultima figura no livro??

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    1. Olá! Meu livro está emprestado e eu não me lembro da imagem.
      mas qdo estiver com ele em mãos, dou uma olhada e respondo novamente!

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  4. "...Até no meu caso, um (des)amor eterno, de indas e vindas, chegadas e partidas, que durou eternos cinco anos. Cinco anos de brigas, mágoas, mentiras, traições, ofensas, choros. Cinco anos... dá pra acreditar? ..."
    Dá sim, eu vivi um (des)amor durante 30 anos, e aí te pergunto, dá para acreditar ??? Nem eu consigo entender....
    Obrigado pelo texto, vou ler o livro.

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    1. Oi! Dá sim! Se tem uma coisa que essa minha história me ensinou, é que não devemos julgar as pessoas, especialmente as que amam.
      Mas uma coisa é verdade: passa.
      O livro é água com açúcar, mas foi ótimo para mim! Espero que ajude vc! :)

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