17 de dez. de 2012

O [submisso] papel da mulher na nova literatura erótica


Eu ainda não tinha me pronunciado em relação a essa onda de literatura erótica porque, embora eu tivesse certeza da minha opinião, não costumo postar no blog na linha do “não li e não gostei”. Mas, já afirmo logo de cara: foi uma das piores coisas que li nos últimos anos. E incluo aqui diversos vampiros x lobisomens e afins.

Não vou nem me prender no tópico da tradução mal feita, do vocabulário chulo, do enredo mal trabalhado. Vou focar num único ponto que me chocou profundamente: o papel submisso e humilhante da mulher.

Acho importante deixar claro que eu não estou falando de um único livro ou autor. Li mais do que um desse gênero para tirar as más impressões [que não sumiram] e a comprovação de que a mulher é usada como um objeto sexual é a mesma. 

Para começar, esse gênero literário não é nenhuma novidade e Sabrina tá aí para provar isso. Mas se não tivessem criado um milionário engravatado que bate em mulheres, certamente, a pobrezinha da Sabrina seria ultrapassada, indecente e brega.

A literatura erótica dos dias atuais estimula a cultura do estupro. É dita como a nova versão dos contos de fadas, só que os príncipes não chegam em seus cavalos brancos, mas em carros importados, vestidos com ternos caros; e seus castelos são apartamentos caríssimos. Suas espadas são os cartões de créditos ilimitados e seu charme é a vontade insaciável de transar o tempo todo, o dia inteiro, todos os dias da semana. 

Só que, ao contrário das histórias da Cinderela, Bela Adormecida e Branca de Neve, o príncipe não está em busca de seu verdadeiro amor. Na onda dos contos de fadas eróticos, os machos alfa buscam um ser  do sexo feminino, com quem eles possam gastar toda (se é que existe um limite) energia sexual, e que lhes deem prazer, saciando todas as suas vontades, não só na cama, mas – e aí vem a maior gravidade de todas – no dia a dia.

Vale lembrar que em pleno século 21,  a mulher ocupa um lugar de destaque na sociedade, ainda machista, e que ao longo dos anos vem lutando para conquistar a tal da igualdade que lhe é de direito, seja na política, nos altos cargos empresariais, ou na sociedade como um todo. 

Mas daí é só aparecer um cara na ficção que faz sua parceira quase enlouquecer depois de gozar quatro, cinco, dez vezes consecutivas; e a mulher esquece de todos os princípios que regem sua vida, para ficar a mercê de um babaca milionário que sabe f*der muito bem. (Para quem se incomodou com a escrita baixa desse post, peço desculpas. Mas é para tornar bem real a sensação do que é ler um livro desses. E ainda estou sendo bem delicada).

Que as descrições das cenas de sexo são estimulantes, isso ninguém pode negar. Porém, numa análise crítica, as cenas são sempre as mesmas com algumas poucas diferenças. O que conta aí, é a habilidade do autor em mudar as palavras e sempre parecer que a língua, o membro, o calor, o estouro de prazer, a explosão, o jarro de gozo etc, são coisas tão diferentes a cada relação, o que faz o cara parecer uma máquina. Só que não, né? 

Vale ressaltar também que a questão desses livros é sempre o homem, mesmo no auge do prazer feminino: aquilo é bom para ELE. Ele manda, a mulher obedece.

Eu não desejo nem de perto um Mr. Grey e nem um Gideon Crossfire. O abuso das mulheres é tanto as protagonistas da trama vivem PARA eles – e nem COM eles – porque a vida delas tornou-se nula sem a presença deles, que as controlam o tempo todo. 

Olha... Eu não sei vocês, meninas, mas meus pais não me criaram para me submeter ao autoritarismo de um milionário qualquer e simplesmente esquecer de quem EU SOU e do que EU gosto. O lance aqui ultrapassa o abuso físico: é um assédio moral, é uma lavagem cerebral movida pelo prazer sexual.


Já deixei claro em outros momentos que sou contra o preconceito literário (sou fã de Harry Potter, adoro Anjos e Demônios [ai gente, é em ROMA, não dá pra resistir, né?] e não vivo sem Edward Cullen, da saga Crepúsculo, lembram??). Acho que a vida tá aí pra ser lida e relida. Mas me incomoda muito a falta de reflexão sobre um assunto de tal gravidade. Porque tem uma infinidade de mulheres no mundo esperando seu príncipe encantado Cinza, de terno e gravata, mas não percebe que ter um cara desses é fácil (sociedade machista sambando na nossa cara); difícil mesmo, é não se perder de si mesma e de seus princípios do que é ser mulher.

O que mais me intriga em tudo isso é como as próprias mulheres se colocam no papel errado de que precisam daquilo tudo para serem felizes e sentirem prazer. A necessidade de viverem submissas às vontades e desejos de um homem machista ao extremo passa a guiar a vontade delas de viver. Elas se anulam quanto mulher, quanto ser humano. 

Caros, não levem Nelson Rodrigues ao pé da letra porque as mulheres NÃO gostam de apanhar. E não será Mr. Grey nenhum que vai nos convencer do contrário. É preciso muito menos do que essa palhaçada toda, para fazer uma mulher sorrir de prazer (e se você sorriu, sabe do que estou falando... =P).







Lisbeth Salander, rogai por nós

Há alguns meses escrevi aqui sobre minha relação com a Triologia Millenium e afirmei que o principal fator de ter gostado da trama se deveu à protagonista Lisbeth Salander e tudo o que ele representa para o universo feminino. As cenas de abusos sexuais descritas em detalhes nos livros de Stieg Larson são praticamente as mesmas que matam as mulheres-objeto de prazer nessa nova onda erótica. 

Talvez seja só um ponto de vista, mas Lisbeth, marginalizada ao extremo, tornou-se a anti-heroína pela qual todos torcemos. E ela provou que mulher nenhuma merece ficar em outro lugar, que não no topo. 


Minha dica para quem não vive sem Mr. Grey ou seus amigos poderosos é: não abram mão da literatura que vocês curtem, mas leiam Millenium. É importante não se alienar numa falsa realidade e ter um contrapeso para abrir caminhos para a reflexão. 

Em tempo, se a ideia é dar uma esquentada no relacionamento inspirando-se na literária para levar boas ideias para a cama, Xico Sá dá 10 dicas muito melhores. Vale dar uma olhada, atualizar a biblioteca e usar a imaginação... 

24 comentários :

  1. Eu confesso que perdi o interesse em ler essa leva de romances eróticos, se eu for mais sincera, nunca tive interesse.
    Gosto muito de romance de banca, o erotismo, a história leve em volta do casal principal, é isso que me atrai. Nesses livros parece que falta isso, pelo que já li é: cara pega mulher de todas as formas, fim.
    Logo no lançamento desses livros eróticos me peguei pensando: Por que tanto furor em torno desses livros? Já existiam romances de banca desde sempre!
    Mas, espero que seja passageira essa modinha (sim, considero modinha do erotismo) pois quero ir numa livraria e ver pessoas comprando livros que agregam alguma coisa aos seus pensamentos, não livros que subjugam toda e qualquer atitude feminina.

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    1. Francielle, essa é uma pergunta que não quer calar: pq esse surto em torno de algo que tá ali pra ser lido desde...sempre! São fenômenos literários, e acho que vai passar sim, como todos os outros. Mas não podia deixar passar em branco sem escrever claramente que essa reação das mulheres me preocupou mto!!!

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  2. O amante de Lady Chatterley, Marquês de Sade e Hilda Hilst são bem mais eróticos e ainda literatura de qualidade. Pena que as pessoas não param para procurar esse tipo de livro, engolem o que a mídia impõe. É a vida.

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    1. Jéssica, MUITO bem lembrao!!! Marquês de Sade faz qualquer Mr. Grey sumir da Terra!

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  3. Daiana Gobbo17/12/2012, 12:04

    Talita,
    Fazia um bom tempo que eu na lia nada que nao estivesse relacionado com o meu trabalho!
    Ha 2 meses indo viajar, resolvi comprar na livraria do aeroporto o 50 tons de cinza! Nao sabia do que tratava, mas sabia que estava fazendo sucesso! Varias amigas tinham postado a capa no facebook, etc...
    Achei o livro horrível, nada interessante, nada que me acrescentasse algo positivo e me senti mal de estar lendo aquilo....mesmo assim continuei lendo... e no final do terceiro livro estava praticamente viciada na leitura....gostei do romance atipico, dos transtornos psicologicos e realmente acabei me encantando com os personagens!
    Achei sua critica muito válida.....concordo com vc sobre nossa sociedade machista! E nao tenho vontade de ler os outros livros desse genero que surgiram.....
    Acabei de comprar pela internet a trilogia Millenium!!! Estou agora anciosa para le-lo!

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    1. Oi Daiana! Que bacana ver vc por aqui! Como eu disse, acho que a vida ta aí pra ser lida, rs. Só insisto que temos que pensar no que estamos lendo e perceber se é isso que queremos mesmo pra nós, sabe?
      Quanto à Millenium... bom, prepare seu estômago. É uma ficção com dose de realidade que me fez quase desistir diversas vezes. O último livro fica mto complicado, quase chato, rs, com mtos novos personagens, mas vale mto a pena!!! :)

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  4. Tali, costumo ser avessa a qualquer surto e modinhas, e no caso dessa trilogia 50 Tons não foi diferente...Trabalhando em um site de conteúdo digital, confesso que me assusta ter esses e-books como best-sellers há meses. Ainda não tive coragem/vontade de ler para ter certeza das minhas conclusões, mas seu post só me ajudou a ter mais convicção da minha opinião sobre isso e também ficar indignada com esse surto como se não existisse antes, e de muito mais qualidade inclusive. Chego a pensar no fato de pessoas que não tem hábito nenhum de ler, e sequer tenham como comparar isso com outras obras, possam ter uma força tão grande de serem formadores de opinião mesmo, pois isso foi como um viral, sem nenhum fundamento na minha opinião. Concordo com todos os seus pontos em gênero, número e grau! Beijos Camila

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    1. Cami!
      Eu não recrimino quem lê - veja bem, eu mesmo li, rs - mas acho que não dá pra ler e achar o máximo e fim. A reflexão é importante!!!
      Obrigada!!!

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  5. sempre que ouço as pessoas comentando esses livros eu penso: como sua vida sexual deve estar difˆficl pra vc se matar de prazer ao ler um livro onde tudo o que se realiza são as fantasias do homem.nada contra, sabe? legal realizar as fantasias de um E DO OUTRO, no caso, da outra. e acho que no caso dos 50 tons, seria completamente diferente a bordagem se ela fosse louca pra apanhar... mas essas histôrias são só a realização dos objetivos deles.
    sei lá.. eu prefiro um cara menos rico, menos poderoso mais humano.. e que fique claro: que tb me faça morrer de prazer.. mas de outro jeito, do jeito dos 2.

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    1. Oi!!!
      É... acho que o ponto do centro ser sempre o homem é o que pega.
      Uma relação, seja ela qual for, é feita de pelo menos DUAS pessoas. Não dá pra só achar que um estando satisfeito está bom. NÃO ESTÁ!!!

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  6. Talita,

    Parabéns, esse foi um dos melhores posts que eu li em um Blog Literário!
    Você resumiu bem tudo o que envolve essa nova onda de literatura erótica e de como ela está sendo utilizada para ser um retrocesso ao papel da mulher. É mesmo triste e preocupante. O que me deixa mais assustada é a quantidade de mulheres modernas lendo este livro e estarem sonhando com um tipo de relação tão degradante.

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    1. Oi Elis!
      Obrigada!!
      Eu fico feliz em saber que há outras mulheres que compreendem e compartilham do meu ponto de vista, pq vc não imagina quantas outras me acham recalcada, rs!
      Não podemos retroceder, ne?
      Seguir em frente. SEMPRE!

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    2. Parabéns, assino em baixo. Eu sou livreira e sou maníaca por livros desde que os descobri em pequena. Já li de tudo, mas esse não tenho a mínima curiosidade... minhas amigas leram, li imensas opiniões de leitoras e alguns leitores e cada vez menos tenho curiosidade em ler. Perdoem-me. Concordo com tudo o que disse e não preciso ler para o perceber. Chamem-me o que quiserem, mas eu acho que quem fica maravilhada com isso tem e teve uma vida sexual muito insatisfatória... e homens que nunca as fizeram sentir importantes ou verdadeiramente amadas. Opiniões. Valem o que valem.

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    3. Claro que devorei os Milenium ;)

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    4. OI Sandra, tudo bem??
      Agradeço os elogios!
      É um ponto de vista interessante esse seu, rs!
      Acho que as mulheres têm que se valorizar mais...e sempre! :)
      beijos

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  7. Talita, esse post foi excelente. Também estou extremamente preocupada com a postura das próprias mulheres com relação a esses livros, principalmente a saga 50 tons. Sinceramente, é triste ver o trabalho de tantas mulheres que lutaram toda sua vida para que conseguíssemos chegar à posição que estamos hoje na sociedade (que não é ideal ainda), ser banalizado de tal forma. Livros mal escritos (em sua maioria) colocam tudo em risco com a lavagem cerebral que estão fazendo nas mulheres que não foram educadas para se orgulhar de ser mulher nessa sociedade patriarcal na qual vivemos. É importante chamar atenção das leitoras ávidas para os aspectos degradantes desses livros da moda.

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    1. Oi Thalita! Desculpe a demora para responder! Estava de férias!
      É, eu acredito que um pouco nisso de lavagem cerebral mesmo. O lance do sexo tão bom - nunca ruim - e o prazer insaciável se sobrepõem a todo o resto! Eu acredito que esse assunto precisa SIM de um reflexão e a discussão é sempre saudável!

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  8. Eu li inicialmente a triologia dos cinquenta tons de cinza, aliás meio modismo,diga-se de passagem e depois li falsa submissão (publicado em 1995) e qual não foi a minha surpresa ao perceber que muitos fatos e características dos personagens de E. L. James, são retirados do livro falsa submissão, este relata de forma mais realista o papel degradante da mulher objeto, submissa na relação sado, deixando de lado o conto de fadas que E.L. James enfatiza em seus romances.

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    1. Olá Teka! desculpe o delay para a resposta. Estava fora!
      Mas respondendo seu comentário...
      Eu não sabia disso não! Mto obrigada por me avisar! Vou atrás desse outro romance! Obrigada pela dica!!

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  9. Eu li a triologia dos 50 tons que ganhei de presente e sem saber ao certo no início do que se tratava, mas sabia que é a febre do momento. Me surpreendeu o fato da menina ter aceitado tudo pelo amor que sentia ao Sr. Grey, uma loucura total. Acredito que muitas mulheres sonham com isso, com um homem rico, bonito, cheio de disposição na cama e com isso acabam se tornando submissas deles. Eu achei interessante como tudo se desenvolveu, mas confesso que o final do livro deixou bem a desejar. Mas para mim, esse estilo de vida não daria. Nunca desejei um Sr. Grey na minha vida, meu pensamento em relação a relacionamento (inclusive sexo)é totalmente diferente, acredito que tenho sim que a pessoa que estiver comigo terá que respeitar minhas opiniões entre 4 paredes e se não estiver satisfeito, tchau e benção. Mas apesar de tudo, gostei muito da sua crítica, me fez refletir ainda mais a respeito da leitura. Obrigada!

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    1. Olá! A trama prende a leitura sim. Não vou mentir que não consegui parar de ler. Mas insisto que a reflexão sobre esse surto das mulheres é muito importante!!
      Não precisa agradecer não! O que vale é o debate: sempre!

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  10. Interessante sua crítica. Notei que o que deixou você mais aborrecida, ou decepcionada com o furor das leitoras, é o fato de submissão ter a ver com a condição social feminina.
    Se fizermos uma análise social dessa condição, muitas mulheres estão insatisfeitas por terem que ser superiores em seu trabalho, na vida doméstica e no relacionamento. Isso tem custado sacrifícios (que nem sempre elas estavam dispostas a fazer, mas se veem forçadas a), acumulo e sobrecarga de funções (também aí forçadas a assumir).
    Isso foi e é uma imposição social do feminismo. Alguém perguntou se todas as mulheres querem ser grandes e bem sucedidas profissionais? Se todas elas querem abrir mão de cuidar de suas casas e filhos para fazerem carreira? Algumas (e não poucas) mulheres foram empurradas nessa avalanche e nem podem admitir publicamente isso pois seriam crucificadas!
    Aí entra um farto campo para ilusões e fantasias de submissão. Ainda mais se apimentarmos com um parceiro bonito, sensual, rico e, mais importante, que se revela um ser frágil, que precisa de cuidados maternos e colo!
    Bummm!!! Quem leu e gostou da ideia, não ficou presa em correntes e tortura degradante (o que o livro nos poupa consideravelmente, ainda bem).
    Hoje em dia, as mulheres perderam os parceiros alfa, determinados e direcionadores da relação. Elas também tiveram que ser dominantes em um terreno que o inconsciente coletivo feminino ainda revela dependente. É isso que tornou o sr. Grey tão interessante.
    Ainda temos a contribuição de uma leitura rasa, que não demanda nenhum raciocínio mais complexo...
    Mas nada disso diz que as mulheres que gostaram do livro querem apanhar ou serem escravizadas. Elas só se interessaram em apimentar as fantasias e viverem outro conto de fadas, mais picante e moderno!
    Se elas lessem mais profundamente sobre os relacionamentos BDSM, em blogs e sites afins, com certeza se assustariam e não se interessariam, pois eles não tem haver com o relacionamento construído na história.
    Por isso, não vejo com tanto alarde ou pesar esse frison com a trilogia Cinquenta Tons... Apenas reflexo das insatisfações causadas pela sociedade que vivemos. Mas nada tão patológico que preocupe.

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  11. Ana Claudia, tudo bem?
    Acho que o me aborrece mesmo é as mulheres desejarem essa submissão em troca do prazer sexual. É essa falsa ideia de que tudo se resolve com um bom sexo. E muito dinheiro. A vida é mais que isso. Se mulher é mais que isso. Entendo seu ponto, mas ainda acho preocupante. Sei lá... Não consigo ignorar... Mas uma coisa vc tem toda razão: "Apenas reflexo das insatisfações causadas pela sociedade que vivemos." Mas é que acho isso patológico.

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