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12 de abr. de 2012

Eu, Lisbeth Salander e Stieg Larsson

Eu tenho um defeito enorme que se chama relutância a ler best-sellers, em especial os internacionais. Não sei se é porque, inconscientemente, sei que as chances de eu viciar neles são enormes; ou se é porque quero me fingir de metida a cult que não lê o que todo mundo lê (mentira, todo mundo sabe que sou uma #TeamEdwardForever, por exemplo, rs)

Isso aconteceu antes de eu ler Harry Potter, Crepúsculo, Sussurro e... Millenium! Mas foi inevitável eu me render aos encantos dessa triologia que partiu meu coração quando terminei a leitura. 



Se o primeiro livro começa um pouco truncado, com muitos nomes e referências de difíceis associações, já que a trama se passa na Suécia, quando Lisbeth Salander aparece na jogada, o livro ganha força e o enredo flui numa velocidade impressionante. Há tempos que não leio um romance policial tão bem construído, com personagens tão sólidos, que se tornam quase reais. Eu me afeiçoai à Lisbeth e pude ver nela o que vejo em muitas mulheres que admiro, a começar pela vontade de viver. 

Quase senti raiva por Stieg Larsson, autor da triologia, ter morrido repentinamente ao finalizar "apenas" o terceiro livro. Porque gente... COMO viver longe de Lisbeth, alguém me explica? E daí entraram as adaptações cinematográficas suecas e norte-americanas, que são excelentes - a última, inclusive, concorreu ao Oscar deste ano - e parecem ter amenizado o vazio. 

Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar, todos publicados pela Companhia das Letras, fazem parte daquela lista de livros enormes, que devoramos em questão de dias, porque é simplesmente impossível parar de ler. 


  


No primeiro volume, Lisbeth conhece Mikael Blomkvist, o SuperBlomlvist, um jornalista investigativo como não vemos por aí: vai atrás dos criminosos da esfera política e econômica e detona eles perante a opinião pública: uma humilhação moral. É simplesmente fascinante (olha a jornalista utópica falando aqui!). Desde que comecei a ler essa triologia, construí em minha cabeça a imagem de Mikael como o próprio Stieg e não estive tão errada assim, basta apenas fazer uma breve busca sobre o autor. 

Lisbeth tem motivos de sobra para não confiar em ninguém: a vida a ensinou isso, o Estado a forçou a isso. Mas ela descobre que Mikael é uma das poucas pessoas do bem. E quer saber? Sorte a dela, porque convenhamos que ser humano do bem é figura rara hoje em dia. Aliás, sorte dos dois. Porque Lisbeth é uma defensora do bem. 

Ela é a perfeita anti-heroína para qual todos nós torcemos: ela merece vencer, mesmo que para isso precise usar de meios ilegais ou proibidos. Ela nos causa raiva, pena, carinho e compaixão. Todos nós somos solidários da causa de Lisbeth Salander, todos nós somos solidários à justiça.


Eu ainda não me conformei em ter que dizer adeus à Lisbeth, ao SuperBlomkvist e ao Stieg. Mas eles deixaram uma marca imensa em mim, que me transformou. Definitivamente, eles cumpriram uma missão. Agora é guardá-los aqui dentro e seguir em frente, buscando justiça acima de tudo. E nada mais. 

P.S: Recomendo a leitura do texto Por que amamos Lisbeth Salander, escrita por Eliane Brum, colunista da Época. Define muito o sentimento coletivo!