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12 de nov. de 2012

A velha [e esquecida] guarda do mercado editorial brasileiro


Há alguns dias o mercado editorial soube que Maria Emília Bender e Marta Garcia deixaram seus respectivos cargos de diretora editorial e editora na Companhia das Letras, após mais de 20 anos de casa.

Raquel Cozer, jornalista da Folha de S. Paulo, trata do assunto com propriedade e mais detalhes em sua coluna. Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, dedicou sua coluna no blog da editora, no dia 01/11, em uma homenagem às duas colegas de trabalho. 

O fato é que essa notícia me fez refletir sobre o mercado editorial brasileiro e seus personagens. E percebi que, muito embora eu considere nosso mercado conservador, a velha guarda tem espaço de atuação – e respeito das novas gerações - cada vez menor. 



Muitos vão dizer que estou errada, que esse não é o caso de Maria Emilia e Marta (e de certa forma não é mesmo), mas penso que estamos migrando para uma tendência editorial onde os velhos não têm vez. 

“O mercado mudou”, “a maneira de fazer livros mudou”, “o papel do editor mudou”, “o leitor mudou”... Essas são todas verdades, repetidas incansavelmente, aos defensores das novas gerações. A modernidade dos e-books, a instantaneidade das informações e o caráter plural e inovador dos profissionais estão roubando o lugar, cada vez menos expressivo, dos almoços com autores, encontros de livreiros e da [importante] troca de experiências profissionais. 

Longe de mim ser saudosista e achar que o mundo era muito melhor quando os livros ainda eram manuscritos, literalmente. Não vivi nessa época e nem desejaria viver. Sou da tal nova geração a que me refiro, sou pós-moderna, vivo conectada e acredito no conteúdo digital de qualidade.

Mas acredito, acima de tudo, nas pessoas. Maria Emilia e Marta foram casos públicos, divulgados pela grande imprensa, e por isso as uso como exemplos ilustrativos. Mas quase todos os dias, o mercado editorial perde o brilho ao perder pessoas, especialmente aquelas que dedicaram suas vidas a construir o mercado editorial brasileiro que, embora tenha muitas falhas, é consolidado e chama cada dia mais atenção mundo afora.

Além do mais, estamos perdendo qualidade propriamente dita. Os livros estão sendo feitos a toque de caixa, como se fossem industrializados na produção em massa. O resultado dessa pressa irritante são traduções porcas, revisões desleixadas, edições incompletas, diagramações amadoras e capas repetitivas. Essa urgência da nova geração editorial deixou de lado o respeito com o leitor. 

Com isso, estamos deixando de lado, de maneira nem sempre sutil e amigável, o que temos de mais precioso: a história do mercado editorial brasileiro. Acredito que o papel da nova geração é resgatar na velha guarda editorial o respeito ao leitor e, acima de tudo, o amor ao livro.