O UOL publicou no último dia 29/10, data em se comemora o Dia Nacional do Livro, a reportagem Desempregado, pedreiro mantém biblioteca de 40 mil livros com a ajuda de amigos, de Felipe Martins. A leitura na íntegra está disponível abaixo ou clicando aqui.
Espero que vocês se encantam, tanto quando eu, com o o pedreiro desempregado Evando dos Santos, que criou a biblioteca comunitária Tobias Barreto de Meneses, que possui mais de 40 mil livros.
É uma história que mostra que os livros não morreram e que são uma paixão.
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Desempregado, pedreiro mantém biblioteca de 40 mil livros com a ajuda de amigos
Felipe Martins
Do UOL, em São Paulo
Uma das maiores felicidades do pedreiro Evando dos
Santos, 52, é a biblioteca comunitária Tobias Barreto de Meneses. Fruto do seu
esforço pessoal, a instituição tem mais de 40 mil livros.
No entanto, a biblioteca virou uma dor de cabeça
constante. A realidade de Evando é levantar cedo todos os dias para receber as
pessoas e manter limpo o espaço. Tudo sozinho. Semanalmente ele lava os 280 metros
quadrados do prédio dividido em três andares.
Para os custos com água e energia elétrica Evando
conta com a ajuda financeira de amigos e da mulher, Maria José, companheira em
seu sonho. “Eu me contagiei pelo entusiasmo do Evando. Eu era alérgica à
poeira, mas essa alegria dele me fez não sentir mais nada. A biblioteca é um
presente de Deus para nós”, afirmou.
Evando lamenta não ter dinheiro para enviar 3500
livros para a construção de bibliotecas comunitárias no interior da Bahia e de
Pernambuco. Ou para oferecer cursos gratuitos utilizando as duas salas de aula,
com 50 lugares cada uma.
Mas o homem de “intelecto lapidado”, como ele costuma
dizer, não desiste do projeto. “Às vezes eu quero desanimar. Sem dinheiro,
desempregado, mais duro que um coco. Mais uma voz me vem na memória e me diz
‘levanta!’ Eu, um nada, fiquei uma hora na casa do maior arquiteto do mundo,
Oscar Niemeyer. Lembro da minha mãe, das medalhas. Homenageado pela Academia
Brasileira de Letras pela escritora Nélida Piñon. Aí eu sacudo a poeira e, como
uma águia, renovo as forças e fico a voar no mundo das ideias, criando,
inventando e indo para a prática”, definiu.
Sem “burrocracia”
Criada em 1998, na Vila da Penha, subúrbio do rio de
Janeiro, a Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Meneses tem mais de 40 mil
livros e funciona em um prédio próprio, desenhado pelo renomado arquiteto Oscar
Niemeyer.
Nessa biblioteca, as regras para o empréstimo são
simples: o leitor preenche um cadastro e pode ficar com o volume pelo tempo que
achar necessário. “Se a pessoa não devolve o livro é porque precisa”, diz
Evando dos Santos.
Cheio de orgulho, Evando diz que esse era seu sonho:
uma biblioteca sem “burrocracia”, funcionando de domingo à domingo. Segundo
ele, com livros que não se encontram na Biblioteca Nacional. Exemplo disso é
uma gramática da língua bunda que era a falada pelos escravos.
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