21 de nov. de 2009

“Sou tão misteriosa que não me entendo.”

Há algumas semanas, procurando um pouco de inspiração, acabei com um livro de Clarice Lispector em mãos, chamado Correio Feminino. Como toda boa amante da literatura brasileira, já tinha lido as crônicas reúnidas neste livro, as quais tratam sobre as problemáticas do dia-dia da mulher. Foi então que decidi que este blog merecia um post em homenagem a ela!
Poucos dias depois, a Folha de S. Paulo publicou, em 16/11/09, na versão traduzida do The New York Times, uma matéria sobre essa musa da literatura brasileira, que a amiga Innike Gomes postou no Facebook e que não pude deixar de comentar a coincidência! Com a correria em que me encontro neste momento louca da minha vida, o post foi demorando a ser escrito e, em mais um sinal, ontem, na manicure, li na revista Vogue uma nota sobre Clarice. Hoje acordei e decidi que era meu dead line para fazê-lo! Afinal, se o mundo está falando sobre ela, por que nós - justo nós! - iríamos ficar de fora, não?
Eu vejo Clarice como alguém que sempre tem algo a nos dizer, não importa a situação: alguma citação dela será perfeita a todos nós em quaisquer momentos. E, por isso, ao contrário do que se costuma fazer, vou apenas publicar algumas citações dela, sem comentar da sua vida, obras e tudo mais. É fácil conseguir essas informações por aí... O que quero expressar aqui, são as aspas dessa ilustre personagem da nossa história literária que, na minha modesta opinião, fazem Clarice ser eterna, simplesmente por ser Clarice... SEMPRE CLARICE!





"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever."

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

"Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam."

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."

"E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano."

"Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar."

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato.... Ou toca, ou não toca."

"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."

"Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação."

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar."

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."

"E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço."

"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre."

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar."

"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente."

"Respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver."

"Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então."

"Gosto dos venenos os mais lentos! As bebidas as mais fortes! Dos cafes mais amargos! E os delirios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: E daí? Eu adoro voar!"

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