Para quem sempre pergunta o que é EDITORAÇÃO, segue matéria publicada na FOVEST, do jornal Folha de S. Paulo, no dia 16/02/2010.
Explica o que é o curso e fala das atividades que o profissional da área exerce. Vale a pena dar uma lida!!
Editoração envolve todas as etapas da produção de um livro Profissional também pode atuar com conteúdo digital
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sabe aquele livro pelo qual você se apaixona logo ao ver a capa? Ali há o dedo de um profissional de editoração.
Ele define, por exemplo, se a capa será ilustrada, qual tipo e tamanho da letra e do papel, analisa os originais do livro e propõe mudanças, além de planejar estratégias para vendê-lo.
"O profissional tem de conhecer todos os passos de um produto editorial", afirma Plínio Martins, coordenador do curso de editoração da USP e presidente da Edusp, a editora da universidade.
Nos quatro anos de curso, diz Martins, o estudante tem formação abrangente, focada em disciplinas humanísticas. "Além de atuar com texto, o editor pode trabalhar na parte da criação, mesmo que não seja artista, porque tem noção de artes gráficas, de literatura, de história da arte."
No curso da USP, uma das tarefas é criar um produto, desde o planejamento até o lançamento. Um livro, em geral, demora de 15 dias a dois anos para ser produzido -os estudantes têm três semestres para concluir o projeto na faculdade.
A proposta é permitir ao aluno o maior contato possível com a realidade da profissão, diz Martins. Aliás, a alta empregabilidade é uma das características do curso, segundo ele. "No segundo ano muitos alunos já começam a trabalhar."
Editoração atraiu 14 candidatos por vaga no último vestibular da Fuvest.
Um requisito da carreira é ser bem informado, diz Elisa Braga, diretora de produção da Companhia das Letras e formada pela USP. Segundo ela, a editora costuma contratar alunos ou ex-alunos da USP em razão da formação específica -não obrigatória para atuar na área, que atrai também profissionais de letras, jornalismo e design, entre outros.
No Brasil há 13 cursos de editoração ou produção editorial, de acordo com cadastro do Ministério da Educação. Na Universidade Anhembi Morumbi, por exemplo, a ênfase é em "multimeios", afirma a coordenadora Maria José Rosolino.
A ideia, diz, é explorar o mercado além da abordagem tradicional. "As editoras estão apostando muito no conteúdo digital. Na área de educação, há artigos, pesquisas, material de atividades para professores, leituras complementares, fóruns de discussão."
Gustavo Ferreira, 26, atua na área de educação. Ele é assistente editorial da Hub Editorial, divisão da SBS criada para desenvolver livros eletrônicos, aulas interativas e workshops virtuais. Formado em 2004 na Anhembi, diz ter tomado gosto pela profissão influenciado pela mãe, funcionária de editora. "É muito legal chegar a uma livraria e ver o material que ajudei a produzir."
Elisa, da Companhia das Letras, diz se sentir quase coautora quando vê seu trabalho elogiado. Foi assim quando o escritor americano Paul Auster aprovou a capa do livro "Noite do Oráculo", criada por ela e inspirada em papel de embalar maçã. "Ele disse que era a melhor capa para o livro dele em todo o mundo."
A capa, diz, é "absolutamente essencial". "Tem de passar para o consumidor um pouco da história e do clima." Elisa revela um segredo de produção: em romances, por exemplo, evita-se pôr uma foto frontal. "Senão o personagem já é entregue com um rosto, o que faz perder um pouco do clima da história."
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