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2 de mai. de 2012

Preconceito literário: aqui não!




Atenção leitor: manifestações de preconceito são inadmissíveis neste blog e na nossa sociedade.

Este blog sempre defende que, LER é o mais importante, independente  do que seja. Achar que bons leitores só se formam com os bons livros da literatura de alto nível intelectual é um absurdo tão grande quanto achar que não pode haver misturas de raças, cores, idades etc.

Aprendi, ao longo da vida inteira envolvida com livros, que o melhor leitor (assim como o melhor editor e o melhor vendedor de livros) é aquele desprovido de preconceitos literários.

Não gosto do gênero de escrita de Paulo Coelho. Mas ele é o escritor brasileiro mais traduzido no mundo e isso é algo que nem a elite intelectual pode ignorar. De uma maneira ou de outra, ele merece ser tratado com respeito, bem como seus milhares de leitores pelo mundo afora.

Padre Marcelo Rossi, com  seu Ágape, vendeu mais de 7 milhões de exemplares no Brasil. E, recentemente, voltou à liderança dos mais vendidos com a versão infanto-juvenil do mesmo livro, que leva o nome de Agapinho.

Harry Potter formou uma geração de leitores em potencial e ninguém pode afirmar que esses leitores não leem o que a elite literária considera bom ou ruim: o que se sabe apenas é que eles leem e gostam muito disso.

A saga Crepúsculo fez uma geração de adolescentes devorarem livros compulsivamente. E não só os da própria saga, mas também os livros preferidos dos protagonistas Bella e Edward, como Romeu e Julieta, de Shakespeare; e, principalmente, O morro dos ventos uivantes, clássico de Emily Brontee que, na época do lançamento, chegou à lista de mais vendidos. Aliás, este exemplo é bastante claro para derrubar a teoria de quem lê o considerado ruim pela crítica, não pode ler o bom.

Então, me digam: quem determina o que é boa literatura ou não? Nem só de clássicos vive um mundo pós-moderno. E nem poderia. Lançamos centenas de livros por mês, mas os críticos querem que nossos leitores só consumam os autores do século passado?? Os (pseudo) intelectuais de plantão que me perdoem, mas não vejo lógica neste raciocínio.


Adoraria que todos lessem Clarice, Machado, Jorge Amado e afins. Mas acharia uma chatice se todos lessem APENAS isso. Extremismos não vão elevar a quantidade e nem a qualidade de leitores no Brasil. Sem contar que não adianta nada ler Machado de Assis e companhia sem que entenda o contexto histórico, a ironia, a essência, os personagens etc etc etc. É como transformar Caio Fernando de Abreu num “autor de internet”. Minha primeira vez com Machado, e tantos outros, foi tutoriada nas aulas de literatura de um excelente colégio particular de São Paulo. Mas num país como o Brasil, quantos por cento da sociedade eu represento? As listas de best-sellers têm uma relação direta com um retrato social, político e econômico do país. E me parece um tanto quanto irresponsável ignorar essa situação. Não acho que nivelar por baixo seja a solução. Mas também acredito que segregar os leitores entre bons e maus não levará a educação e cultura do Brasil a lugar nenhum. Muito pelo contrário: só estimulará ainda mais essa divisão sem sentido.

Pedro Almeida, publisher do selo Lua de Papel, do Grupo Leya Brasil, em sua última coluna publicada no Publishnews, falou sobre a necessidade do Brasil em ter novos críticos literários. Ainda alerta que:

“A série Jogos vorazes, de Suzanne Collins, é um sucesso mundial. Seus livros foram resenhados em todo mundo. Não aqui, com raríssimas exceções, qundo começou a ser lançada em 2010. No entanto, com o filme, todos os grandes veículos acordaram para o fato de que o conteúdo da trilogia é relevante, que a história é muito bem construída e teceram, agora, inúmeros elogios à autora. O livro ficou bom ou falta gente atenta a esse gênero na crítica literária?”


E não pude concordar mais. O mercado mudou, os leitores mudaram, os editores mudaram. Falta, agora, a tal elite literária mudar e, com ela, esses preconceitos ultrapassados. Sinto muito críticos, mas esse “não li e não gostei” não tem mais espaço na nossa sociedade.

A filosofia deste blog, desde seu início, é compartilhar do pensamento de Mário Quintana, que disse:

"Os livros não mudam o mundo.
Quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas."


Portanto, para mim, um bom livro é aquele que proporciona uma experiência ao leitor e que o transforma de alguma maneira.