Resolvi, então, dividir com vocês um pouco da minha relação com a vida e obra de Nelson
Rodrigues, que foi objeto de estudo do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
da Faculdade de Jornalismo da PUC-SP.
Lá
era possível escolher o formato do TCC, que não precisava seguir os padrões e
normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), como na maioria dos cursos. Assim sendo, depois de muito
pensar durante as férias de verão que antecederam meu último ano de graduação, escolhi
fazer uma revista temática.
Escolher
o tema foi outro parto: precisava de algo comum ao jornalismo e à editoração
para unir essas duas paixões. Foi quando
meu pai entrou em casa com a mais nova edição de “A
vida como ela é...”, de Nelson Rodrigues, que acabava de sair do forno
pela Agir
(Grupo Ediouro).
A
Agir havia ganho o leilão dos direitos autorais das obras de Nelson Rodrigues,
os quais pertenceram por muitos anos à Companhia das Letras. Vale ressaltar que
a nova casa das obras Rodrigueanas não fez feio. Muito pelo contrário: os
livros são lindos e muito bem preparados!
Mas,
como ainda era estudante de produção
editorial da Anhembi Morumbi, meu desejo na época era produzir a revista
inteira, do começo ao fim: pesquisa acadêmica, textos jornalísticos, entrevistas,
pesquisas iconográficas, tirar algumas fotografias, diagramação, produção
gráfica... tudo! Esse era o momento de provar, a mim mesma, que o casamento das
duas faculdades que eu tinha escolhido, era perfeito. E adivinhem? Eu não
estava errada! :)
Comecei,
então, meu trabalho de pesquisa acadêmica: determinação da bibliografia,
relação de possíveis entrevistados, seleção de imagens etc. Os primeiros textos
ficaram longos e acadêmicos demais. E a minha falta de experiência jornalística
não me ajudava em nada. Por cursar as duas faculdades ao mesmo tempo, eu não
trabalhava. Na época, achava que estava investindo na minha carreira e podia me
dar esse luxo. Foi uma decisão certeira e trabalhosa. Por outro lado, como
disse, a falta de experiência era um problema. Por isso, aproveito para
ressaltar a importância dos professores e orientadores e colegas, de ambos os cursos, para
me guiarem nesse momento, pois as informações eram muitas e eu estava perdida.
A
parte das entrevistas foi incrível: Joffre Rodrigues, Sonia Rodrigues, Paulo
Roberto Pires, Ruy Castro, Cassiano Elek Machado... Foi um momento de descoberta
incrível e especial: cada dia mais eu me via envolvida nesse universo
Rodrigueano. Li todos os livros do autor (além, é claro, de sua biografia “O Anjo
Pornográfico, leitura altamente recomendável), assisti todos os filmes
relacionados à obra dele, e todas as peças de teatro em cartaz na época.
Mergulhei de corpo, cabeça, alma e coração neste trabalho.
Outro momento que vale a pena lembrar foi a Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, que naquele ano homenageou justamente Nelson Rodrigues e que foi grande fonte de pesquisa, entrevistas e fotografias.
Outro momento que vale a pena lembrar foi a Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, que naquele ano homenageou justamente Nelson Rodrigues e que foi grande fonte de pesquisa, entrevistas e fotografias.
Para produzir tal revista, minha
grande inspiração era a “Entrelivros”, extinta publicação
da Duetto Editorial (também do
Grupo Ediouro), que fazia esporádicas edições temáticas sobre determinados autores. Foi assim que nasceu
a “Em Cena”, nome da minha revista,
que trouxe, em seu primeiro número, a história da vida e obra de Nelson
Rodrigues.
O processo
de criação do TCC que escolhi fazer foi muito mais lento, demorado e trabalhoso
do que de costume, justamente porque tive que aprender, sem experiência alguma,
a fazer uma revista. Não imaginei,
na minha ingenuidade, o trabalho que é fazer uma revista desse porte sozinha.
Talvez seja por isso que hoje em dia valorizo tanto o trabalho em equipe, cada
um no seu quadrado e todos no mesmo círculo.
O
conceito da minha revista era que cada edição fosse exclusiva sobre um autor da
literatura nacional, numa periodicidade trimestral. Levar o projeto adiante
seria bastante complicado porque, infelizmente, publicações impressas vivem de
anunciantes, o que, na época, era algo bem distante do meu conhecimento.
Mas
o resultado final valeu a pena! Rendeu uma revista de 64 páginas, com acabamento gráfico bem bacana! Hoje, cinco anos depois e com alguma
experiência profissional nas costas, vejo erros claros nessa revista que ficou
só na primeira edição. Relendo o material, percebo falta de revisão, excesso de
texto, imagens em baixa resolução, alinhamento que não agrada a leitura e uma
série de outros pontos que não seriam aprovados por uma editoria competente.
Porém,
na época, fui aprovada com 9,5 e muitos elogios pelo resultado final que, além
de tudo, me proporcionou maior contato com as obras de Nelson Rodrigues,
permitindo assim, que eu me apaixonasse pelos seus textos.
No
próximo post, vou publicar o editorial da revista “Em Cena” para dividir com
vocês o que eu entendo de Nelson Rodrigues.
Enquanto
isso, deem uma olhadinha no álbum e vejam como ficou o meu TCC (só não vale rir, hein? Rs!)
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