26 de abr. de 2011

Jorge Amado coloriu minha quarta de cinzas

No mês passado, a primeira obra de JORGE AMADO completou 80 anos e eu aproveitei para finalmente postar aqui minha breve visita à casa dele em Salvador, Bahia, na quarta-feira de cinzas, logo após o Carnaval. Sim, pessoal! Meu lado nerd (que eu prefiro chamar de amante literário, rs) falou mais alto e eu saí de tras do trio elétrico e fui até o Pelô pra fotografar isso de pertinho pra vcs, queridos leitores. Na verdade mesmo, a intenção era visitar, mas devido à data, estava fechado. Uma pena!!

Eu, na frente da Casa de Jorge Amado, no Pelô, Salvador, Bahia.



E coincidentemente ou não, há 80 anos, o escritor Jorge Amado (1912-2001) publicava seu primeiro livro, "O País do Carnaval", relançado neste mês pela Companhia das Letras.

Desde então, Jorge Amado já deixava registrada sua marca: a brasilidade. E inaugurou ali uma produção literária que mudaria para sempre o mercado editorial brasileiro.




Sempre polêmico, desde os anos 1940, divide os intelectuais. Mário de Andrade o criticava por ser caudaloso, mas pouco esforçado em seu texto. De uma forma geral, os modernistas entendiam sua obra como um retrocesso, já que não promovia inovações de linguagem e não se abria a várias interpretações. Mas aqueles que são favoráveis a sua obra, defendem a fluidez de seus textos, o apelo público e a capacidade de criar personagens.

Minha opinião é claramente expressa pelas palavras de outro grande escritor, João Ubaldo Ribeiro, que afirma que "o livro pode ter densidade psicológica e ser um péssimo romance. Jorge Amado permitiu que muitos leitores gostassem de literatura e se reconciliassem com os temas nacionais".

Lembro de quando ainda na antiga sétima série do Ensino Fundamental nos foi solicitado pela escola a leitura de "Capitães da Areia". Eu fiquei viciada naquele livro. Tá, tudo bem, eu não sou parâmetro. Mas pela primeira vez (e talvez uma das raríssimas) eu vi os meus amigos, que sempre fugiam (e fogem até hoje, rs) dos livros, completamente viciados naquele livro, escrito por um dos maiores nomes da literatura nacional. Vocês acham isso pouco? Pois eu não! Não tenho razões para achar a literatura de Jorge Amado fraca ou infundada. Mas eu não sou especialista no assunto. Portanto, me permito dizer apenas que ele é capaz de trazer as características mais sordidamente verdadeiras de nosso país para dentro das páginas de seus livros, de maneira que nos prende até o último ponto final. E eu ADORO isso!
 
Ao longo da carreira, com 45 livros publicados, vendeu 20 milhões de exemplares no Brasil e foi traduzido em 55 países, onde, estima-se, tenha vendido 60 milhões de livros. Isso fez dele o escritor brasileiro de maior público, só superado por Paulo Coelho.
E sua morte não foi motivo de esquecimento de suas obras. Muito pelo contrário. Em três anos na Companhia das Letras, vendeu 800 mil exemplares, mais que qualquer outro autor da editora.





E você, já leu alguma obra de Jorge Amado? Qual? Gostou? Conte para mim!


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FUNDAÇÃO CASA JORGE AMADO


Fachada da Fu ndação Casa jorge Amado, Pelourinho, Salvador, Bahia. 





Como comentei no início do post, dei uma passadinha lá na Bahia para visitar de perto a Fundação Casa Jorge Amado, que é uma organização não-governamental e sem fins lucrativos cujo objetivo é preservar, pesquisar e divulgar os acervos bibliográficos e artísticos de Jorge Amado, além de incentivar e apoiar estudos e pesquisas sobre a vida do escritor e sobre a arte e literatura baianas. A Casa de Jorge Amado tem também como missão a criação de um fórum permanente de debates sobre cultura baiana – especialmente sobre a luta pela superação das discriminações raciais e sócio-econômicas.

Para manter viva a memória do escritor, a Casa conta com uma exposição permanente de documentos, fotografias, livros, suas apropriações populares, adaptações e objetos relacionados. Também estão expostos prêmios recebidos por Jorge e fotos tomadas por Zélia Gattai (esposa do autor) documentando o dia-a-dia do autor.

Atualmente, a Fundação Casa de Jorge Amado já é considerada um ponto de referência na geografia cultural de Salvador.

A adoção, sugerida por James Amado, da frase “Se for de paz, pode entrar”, como lema da Casa, procurou expressar o desejo dos que elegeram este espaço como um local em que se privilegiasse o entendimento entre contrários, na busca da harmonia e da fraternidade, contra toda forma de discriminação.
Para Jorge Amado, a Casa não deveria jamais se transformar em depósito de documentos, mas se constituir, cada vez mais, em um permanente Centro, vivo e atuante.


"O que desejo é que nesta Casa o sentido de vida da Bahia esteja presente e que isto seja o sentimento de sua existência. Que, ao lado da pesquisa e do estudo, seja um local de encontro, de intercâmbio cultural entre a Bahia e outros lugares."
Jorge Amado

FONTE: Folha de S. Paulo e Fundação Casa Jorge Amado.


PS: Cliquem AQUI e vejam mais fotos das minhas experiências literárias em Salvador, Bahia. Tem lugar mais colorido no mundo do que esse? Lindo demais!

3 comentários :

  1. ADORO Jorge Amado!
    Capitães de Areia;Tieta do Agreste;Tocaia Grande;Gabriela,Cravo e Canela;Dona Flor e Seus Dois Maridos;Mar morto;Bahia de Todos os Santos; Farda, fardão, camisola de dormir;Tenda dos milagres;O sumiço da santa e o que eu mais gostei:
    Teresa Batista cansada de guerra!
    Bom,esses são os que eu li...por enquanto... =)

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  2. ahhhh Capitães!!! Primeiro livro que li!
    Posso dizer que Jorge Amado foi um dos responsáveis pelo meu vicio em livros, e sou eternamente grato a ele por isso (e a minha professora que me deu esse livro para resenha, eu la com meus 12 anos...) Ainda compro toda a obra dele, não tenho nenhum livro, já li vários... mas agora sem a biblioteca da escola para me servir, ficou mais dificil. Mas a se compro... e aceito de presente tbem haha

    Ótimo post Talita!!! Parabéns pelo Blog

    Junior Nascimento
    www.CooltureNews.com.br

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  3. Lindo post Talita!
    Jorge Amado é obrigatório para assumirmos toda nossa brasilidade, e aprendermos a olhar esse colorido do nosso povo, que você traduziu muito bem. Inclusive por que sua obra também é plástica, adoro suas gravuras e pinturas.
    Sempre gostei de ler. Não comecei com Amado, e sim com Lobato. Mas já li diversas obras de Jorge e gosto muito de Dona Flor e de Gabriela.
    Está no meu roteiro, brevemente, ir até a casa azul também!
    Abraço
    Tânia

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