27 de jul. de 2011

[Yale] E-book é SIM assunto de editor


Imagem de apresentação de Melcher: "Surface or Substance? Reading in a digital age"

O PublishNews de ontem publicou o texto “E-book não é assunto de editor”, de Cindy Leopoldo, e confesso que fiquei extremamente assustada. Não pude deixar de discordar. Primeiro porque, o mesmo portal deu manchete para o 2º Congresso Internacional do Livro Digital, que está acontecendo no Brasil. E, principalmente, porque em apenas dois dias de Publishing Management Course, em Yale, EUA, não tenho a menor dúvida de que o livro digital veio para ficar. 

No mesmo dia em que li o texto da Cindy, no qual afirma que “e-book é assunto de sites e revistas de tecnologia, se localiza mais ou menos entre a seção de smartphones e a de games”; ouvi Liisa McCloy-Kelley, vice-presidente e diretora das Operações de Produção Digital da Random House, afirmar que os e-books estão aqui para ficar e que já existe uma nova categoria de mão-de-obra especializada no mercado editorial: a do livro digital.

E isso inclui um EDITOR. Não se faz livros sem editores, sejam eles impressos ou digitais. E como funciona um editor de livros digitais? Bom, que tal começar com a difícil decisão de qual plataforma usar? Será um e-book? Será um app? Terá animações? E ilustrações? Que tal um vídeo? Outras decisões importantes, como formato da diagramação (que não está mais presa a um número de cadernos pré-determinados); ou quais títulos existirão APENAS na versão digital, entre outros, deixam bem exemplificado que e-books é SIM assunto de editor.

Liisa McCloy-Kelley disse uma dessas coisas óbvias que ninguém nunca presta atenção: “O futuro [do mercado editorial] está em algum lugar no equilíbrio entre impressos e digitais.” E não pude concordar mais. 
Os impressos não vão sumir e, muito provavelmente, serão objetos de consumo e desejo, assim como são hoje os discos de vinil são para os amantes da música e indústria fonográfica. Mas livrarias vão falir e editoras vão fechar e devemos encarar o fato com pesar, mas sem nos espantarmos. O Brasil ainda está atrasado na produção dos livros digitais, mas isso não o exclui do processo. Muito pelo contrário: é  inevitável e pertence a um futuro muito próximo. 

Imagem de apresentação de Melcher: "Surface or Substance? Reading in a digital age"

Meu conselho? Preparem-se! Especializem-se! Não lutem contra isso, porque vocês vão perder! A tecnologia facilita nossas vidas e isso é um fato consumado. Por isso, a mudança é inevitável. Depende apenas de você fazer disso uma coisa boa. Ou não.






P.S: Para quem tem iPads, iPhones ou iPods Touch e estiver disposto a gastar U$4,99, sugiro darem uma olhada no app OUR CHOICE, de Al Gore. Foi apresentado a nós ontem no curso, durante a palestra de Melcher, da empresa criadora do app, que ganhou o prêmio de melhor app do ano. Não me lembro de nada mais significantemente revolucionário em livros digitais. #ficaadica!

5 comentários :

  1. Oi, Talita!
    Eu li a coluna da Cindy ontem no PublishNews, e estou mais para concordar com ela. Não interprtei a coluna como se o editor não tivesse nada a ver com e-books ou algo parecido, mas vi como uma reclamação dos editores daqui não comandarem o mercado editorial digital. E como ela disse, fala-se de e-books e e-readers em sites de tecnologia, revistas do segmento, mas não muito em publicações voltadas para o mercado editorial, pra literatura. Quer dizer, não antes, porque agora a discussão está tomando proporções maiores e, felizmente, estamos debatendo melhores formas de fazer e vender livros no meio digital (me incluo nesse "estamos" porque acho importante que leitores também participem desses debates, afinal, somos os consumidores finais).

    Vi o artigo mais como uma reclamação de serem as emrpesas de tecnologia que estão ditando como funciona o mercado de livros digitais, e não as editoras, aquelas que deveriam realmente tomar a frente desse novo desafio do livro. Porque até agora, quem mais vem ganhando com isso são essas empresas de tecnologia, as donas dos e-readers, e não as editoras (e consequentemente, os livros), que aqui no Brasil, como comentaram ontem, ainda estão mais gastando do que ganhando com os e-books.

    Enfim, meu pitaco xD
    Beijos!

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  2. Oi Izze!!
    Seu pitaco é muito bem-vindo!
    E seu ponto de vista da interpretação do artigo da Cindy, faz todo sentido.

    Nesse caso, meu post fica como uma boa dica às editoras de que agora são elas que têm as cartas na mão para ditar as regras. São as editoras as responsáveis por correr atrás de QUEM FARA esses e-books e COMO farão isso.
    É hora de virar a mesa e correr atrás, antes que seja tarde!

    Obrigada pelo comment! Foi mto bem-vindo! :)

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  3. Marília Chaves27/07/2011, 17:51

    Talis, fiquei com coceira de comentar quando vi sua "resposta".
    Concordo mto com vc e ontem fiquei ABISMADA com as afirmações da Cindy. Como editoranda sempre gosto de lembrar que o próprio curso de Editoração (ou Produção editorial, depende da faculdade), quando pensado de início, tinha claro que a edição não compreende apenas material impresso, mas (já nos anos 80) deveria procurar edição de materiais multimídia - o que tem tudo a ver com o seu post e com as decisões que um editor terá que tomar para fazer um produto editorial digital!! Acho que temos que pensar que nosso campo - Publishing - não quer dizer necessariamente IMPRESSÃO, mas EDIÇÃO: de imagem, som, texto, enfim, um produto criativo mais dinâmico para contar histórias.

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  4. É exatamente isso que eu penso, Má! Eu fui pra faculdade de Produção Editorial, pra ter uma visão geral de que um EDITOR, nao é alguém que SÓ trabalha com textos! É uma profissão multiuso, que pode ser aplicada em diversas áreas de EDIÇÃO que, num mundo multimeios como o nosso, é textual, áudiovisual, touch e muito mais! Tem q ficar ligado e saber transmitir a msg e contar a história!!

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  5. Observo que o texto da Cindy serve mais para escancarar um detalhe coerente acerca de quem dita as regras no novo mercado virtual/editorial, assim como ocorreu nos mercados fonográfico e audiovisual. E é evidente que SIM, os editores é que tem que trabalhar nisso, mas não se esqueçam das novas plataformas de self-publishing e o mercado estrondoso de autores independentes que surgiu nos EUA ano passado. Analisem quando a Amazon, Google e Apple lançarem suas plataformas de comercialização no Brasil, que outra plataforma brasilis será competidora?

    Percebo como editor e escritor, nada tira o trabalho coerente, experienciado, sensível e profissional do editor, mas sinceramente, quantos livros tenho de deixar passar, por falta de mercado consumidor no Brasil.

    Postei este texto da Cindy analisando por outro viés.
    Abraço.

    http://cbld.com.br/blog/2011/08/e-book-nao-e-assunto-de-editor/

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