Não se fala em outra coisa: a
editora
Companhia dasLetras,
um dos principais grupos editoriais do Brasil,
vendeu 45% de suas ações à
Penguin
Books, uma das maiores editoras do mundo. O anúncio foi feito hoje (5/12) pela
manhã, pelo próprio
Luiz Schwarcz, numa entrevista ao lado de
John Markinson,
CEO da Penguin.
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Fonte: Blog da Companhia |
O acordo prevê que a Penguin será dona de 45% e o grupo brasileiro ficará com
55%. A parte brasileira da editora pertence à família Schwarcz (dois terços) e
à família Moreira Salles (um terço). Sócios minoritários da Companhia das
Letras deixam de fazer parte deste acordo. Os valores do negócio não foram
divulgados.
Para ambas as partes envolvidas, a
sociedade consagra uma parceria iniciada há pouco mais de dois anos com a
publicação de uma coleção de clássicos pelo selo Penguin-Companhia. Mas Schwarcz insistiu em afirmar que a
associação com não significa mudança no controle.
A nova estrutura terá
um conselho de cinco membros, formado inicialmente por Schwarcz, sua mulher, a
antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, Fernando Moreira Salles, Markinson e Gordon
Williams, CFO da Penguin.
Para Markinson, o primeiro
grande investimento do grupo num mercado de língua não-inglesa é muito
significativo, já que, segundo ele, junto com a China e índia, o Brasil é um
mercado de grandes oportunidades na área editorial.
E apesar do advento
do e-book, o maior foco do interesse da Penguin no Brasil neste momento é o
mercado de livros impressos. Já para a Companhia das Letras, a excelência do
grupo estrangeiro na área digital é vista como uma oportunidade de
desenvolvimento de seus negócios neste setor que ainda engatinha no país.
Vale ressaltar que a
sociedade não significa que a Companhia das Letras automaticamente publicará
títulos da Penguin no Brasil. Makinson afirma que a Penguin manterá as boas
relações que tem com todas as editoras brasileiras.
Interessante observar
que o outro grande interesse da Penguin é pelo setor educativo. A editora
pertence ao grupo Pearson, que desde 2010 tem negócios importantes no Brasil. É
dona do Sistema de Ensino Brasileiro, que inclui o COC, Pueri Domus e Dom
Bosco. O grupo também é proprietário do jornal Financial Times e de 50% das ações da revista The Economist.
Assim sendo, essa
associação vai impulsionar o selo Boa Companhia, já existente e que se dedica a
publicação de livros mais baratos para o mercado educacional.
É difícil opinar
sobre essa associação, já que tudo parece muito recente. O fato é que a
Companhia das Letras aparenta atravessar uma de suas melhores fases, com dois
best-sellers nas listas dos mais vendidos (Steve Jobs e As Esganadas) e
encerrando um longo ano de comemorações pelos seus 25 anos. Portanto, só me
resta pensar que a decisão de Schwarcz não foi um tiro no escuro. E nem poderia
ser. Foi certeiro.
O lado da Penguin é
tão surpreendente quanto o da Companhia. Num momento de crise no mercado
econômico norte-americano, um investimento desse porte, no mínimo, impressiona.
Confesso que achei a Penguin corajosa e ousada, já que o destino dessa história
não pode ser previamente dado como um sucesso. É preciso esperar para ver no
que isso tudo vai dar.
O ganho que o
mercado editorial brasileiro terá com essa associação ainda é uma incógnita.
Mas no meu ponto de vista sempre otimista, só temos a ganhar. Principalmente com o
desenvolvimento da área digital. Fora isso, não dá para esperar menos do que tudo o que a própria Companhia das Letras já oferece, não é mesmo? Então, não vejo motivos para nos preocuparmos!
Mas, como disse, ainda é muito cedo para
afirmações concretas. Vamos acompanhar o desenrolar dessa trama e torcer para
um final feliz. Para nós leitores, é claro!
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P.S.: Leia trechos
das cartas de Luiz Schwarcz e John Makinson que foram enviadas aos seus
funcionários, publicados no Blog
da Companhia.
P.S.²: Parabéns às
duas empresas envolvidas porque, acima de qualquer especulação, essa associação
foi um grande negócio na história do mercado editorial brasileiro.
Talita, só uma correçãozinha: não será criada uma nova empresa. A Companhia continuará sendo a mesma de sempre. Houve um mal entendido por parte de algumas pessoas na hora que eles explicaram que os Schwarcz e os Moreira Salles criariam uma holding pra controlar esses 55%.
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Ahhh tudo faz mto sentido agora, rs! Obrigada, Diana! Já fiz uma correção no texto para evitar esse mal entendido!
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