5 de dez. de 2011

Companhia das Letras & Penguin Books: uma associação que está dando o que falar!

Não se fala em outra coisa: a editora Companhia dasLetras, um dos principais grupos editoriais do Brasil, vendeu 45% de suas ações à Penguin Books, uma das maiores editoras do mundo. O anúncio foi feito hoje (5/12) pela manhã, pelo próprio Luiz Schwarcz, numa entrevista ao lado de John Markinson, CEO da Penguin. 

Fonte: Blog da Companhia

O acordo prevê que a Penguin será dona de 45% e o grupo brasileiro ficará com 55%. A parte brasileira da editora pertence à família Schwarcz (dois terços) e à família Moreira Salles (um terço). Sócios minoritários da Companhia das Letras deixam de fazer parte deste acordo. Os valores do negócio não foram divulgados. 

Para ambas as partes envolvidas, a sociedade consagra uma parceria iniciada há pouco mais de dois anos com a publicação de uma coleção de clássicos pelo selo Penguin-Companhia.  Mas Schwarcz insistiu em afirmar que a associação com não significa mudança no controle. 

A nova estrutura terá um conselho de cinco membros, formado inicialmente por Schwarcz, sua mulher, a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, Fernando Moreira Salles, Markinson e Gordon Williams, CFO da Penguin.

Para Markinson, o primeiro grande investimento do grupo num mercado de língua não-inglesa é muito significativo, já que, segundo ele, junto com a China e índia, o Brasil é um mercado de grandes oportunidades na área editorial. 

 

E apesar do advento do e-book, o maior foco do interesse da Penguin no Brasil neste momento é o mercado de livros impressos. Já para a Companhia das Letras, a excelência do grupo estrangeiro na área digital é vista como uma oportunidade de desenvolvimento de seus negócios neste setor que ainda engatinha no país.

Vale ressaltar que a sociedade não significa que a Companhia das Letras automaticamente publicará títulos da Penguin no Brasil. Makinson afirma que a Penguin manterá as boas relações que tem com todas as editoras brasileiras. 

 

Interessante observar que o outro grande interesse da Penguin é pelo setor educativo. A editora pertence ao grupo Pearson, que desde 2010 tem negócios importantes no Brasil. É dona do Sistema de Ensino Brasileiro, que inclui o COC, Pueri Domus e Dom Bosco. O grupo também é proprietário do jornal Financial Times e de 50% das ações da revista The Economist

 

Assim sendo, essa associação vai impulsionar o selo Boa Companhia, já existente e que se dedica a publicação de livros mais baratos para o mercado educacional. 

 

É difícil opinar sobre essa associação, já que tudo parece muito recente. O fato é que a Companhia das Letras aparenta atravessar uma de suas melhores fases, com dois best-sellers nas listas dos mais vendidos (Steve Jobs e As Esganadas) e encerrando um longo ano de comemorações pelos seus 25 anos. Portanto, só me resta pensar que a decisão de Schwarcz não foi um tiro no escuro. E nem poderia ser. Foi certeiro. 

 

O lado da Penguin é tão surpreendente quanto o da Companhia. Num momento de crise no mercado econômico norte-americano, um investimento desse porte, no mínimo, impressiona. Confesso que achei a Penguin corajosa e ousada, já que o destino dessa história não pode ser previamente dado como um sucesso. É preciso esperar para ver no que isso tudo vai dar. 

 

O ganho que o mercado editorial brasileiro terá com essa associação ainda é uma incógnita. Mas no meu ponto de vista sempre otimista, só temos a ganhar. Principalmente com o desenvolvimento da área digital. Fora isso, não dá para esperar menos do que tudo o que a própria Companhia das Letras já oferece, não é mesmo? Então, não vejo motivos para nos preocuparmos!

 

Mas, como disse, ainda é muito cedo para afirmações concretas. Vamos acompanhar o desenrolar dessa trama e torcer para um final feliz. Para nós leitores, é claro!  

 

 

 

 

 

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P.S.: Leia trechos das cartas de Luiz Schwarcz e John Makinson que foram enviadas aos seus funcionários, publicados no Blog da Companhia

 

P.S.²: Parabéns às duas empresas envolvidas porque, acima de qualquer especulação, essa associação foi um grande negócio na história do mercado editorial brasileiro.


2 comentários :

  1. Talita, só uma correçãozinha: não será criada uma nova empresa. A Companhia continuará sendo a mesma de sempre. Houve um mal entendido por parte de algumas pessoas na hora que eles explicaram que os Schwarcz e os Moreira Salles criariam uma holding pra controlar esses 55%.
    :)

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  2. Ahhh tudo faz mto sentido agora, rs! Obrigada, Diana! Já fiz uma correção no texto para evitar esse mal entendido!

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