Monteiro Lobato (1882-1948) é um dos maiores autores de literatura infantil. E ninguém pode discutir isso. Nem mesmo o CNE (Conselho Nacional de Educação).
Acreditem vocês, ou não, mas um parecer do colegiado publicado no "Diário Oficial da União" sugere que o livro "Caçadas de Pedrinho" não seja distribuído a escolas públicas, ou que isso seja feito com um alerta, sob a alegação de que é racista.
Monteiro Lobato é de uma geração em que o nosso atual linguajar chamado politicamente correto simplesmente não existia. Logo,os termos considerados atualmente como preconceituosos, como por exemplo "preto" ao invés de "negro"; não tinham essa conotação na época em que as obras foram publicadas.
A figura do negro na obra de Lobato é como de integração social. Tudo bem que a Tia Nastácia seja a empregada e descrita como "negra beiçuda". Ela é a fiel companheira de Dona Benta, que cuida com muito carinho das crianças e que deu vida à Boneca Emília. Ou seja: quem sem importa com a raça dos personagens, se cada um tem sua importância? Atenção, pessoal... a Emília é uma boneca de pano e uma das principais personagens de Lobato!
Quando colocado da maneira que o CNE apresenta, fica claro para mim que, assim, o que estão fazendo é ensinar o preconceito às crianças. Se ninguém disser à elas que "preto" ofende, mas que "negro" significa ter consciência social, elas podem muito bem continuar achando que é tudo igual, sem ofensas, sem maldade.
Monteiro Lobato deveria ser leitura obrigatória à todas as crianças e adolescentes. Só eu sei o quanto aprendi de português antes da hora me divertindo com a Gramática da Emília. Ou quanto o fato de já ter lido a história mudou minha percepção na hora de interpretar Narizinho no Reino das Águas Claras na apresnetação de ballet clássico. Eu lembro como se fosse hoje quando minha escola nos levou para conhecer o verdadeiro Sítio do Pica Pau Amarelo, em Taubaté! Nossa! Como marcou minha infância!
Privar nossas crianças de todo contato possível com a obra de monteiro Lobato é um abusrdo e uma perda lamentável à educação de nosso país.